Olá
pessoal, tudo bem? Hoje trago mais um post em parceria com o grupo Juntas Nós
Podemos (que você pode conhecer clicando aqui),
dessa vez para te dar dez motivos para assistir essa série maravilhosa chamada “Anne
With an E”, tendo suas duas temporadas disponíveis na plataforma Netflix.
Clique
em continue lendo para saber mais.
No
dia seis de julho de 2018 a segunda temporada de Anne With na E foi lançada na
plataforma Netflix. Para os fãs, assim como para mim, pessoalmente, a sequência
foi ainda mais incrível e maravilhosa que a primeira temporada. No entanto,
ainda assim, a série corria o risco de ser cancelada devido à baixa audiência.
Com
essa terrível notícia de um provável cancelamento da série, os fãs decidiram se
unir e pedir, em todas as redes sociais possíveis, para que a Netflix a
renovasse. Fizeram apelos para que todos assistissem a série, para que não
deixassem essa incrível obra deixar de ser produzida por falta de audiência. E
conseguiram!
Em
um vídeo curto
postado no Facebook, a Netflix reuniu alguns desses tweets e apelos desses fãs
para mostrar que o esforço e o amor por Anne venceram, renovando a série para a
terceira temporada.
Por
esse motivo, hoje estou aqui para tentar fazer minha parte e manter Anne With an
E sendo renovada enquanto ainda fizer sentido renová-la (e eu duvido que
deixará de fazer sentido tão cedo), te dando dez motivos para assisti-la e
fazer um favor a si mesmo e à sua vida.
Mas,
antes, uma pequena contextualização para você que não faz ideia do que se trata
a história dessa série.
Anne
With an E se passa no Canadá, no século 19, e conta a história de Anne, uma
garota ruiva, curiosa, com uma imaginação fértil e muito criativa que passou 13
anos da sua vida em um orfanato quando finalmente é adotada por um casal de
irmãos (Marília e Matthew). No entanto, logo de início, os irmãos notam que
houve um mal-entendido, já que haviam decidido adotar um garoto para que ele
pudesse ajudar nas tarefas da fazenda. Desesperada pelo fato de precisar voltar
ao orfanato, Anne tenta, de todas as formas possíveis, provar a seus novos
cuidadores adotivos que ela pode ser uma ótima companhia e fazer de tudo para ajudá-los
na fazenda. Com o tempo os irmãos conseguem finalmente enxergá-la como alguém
da família, e assim, Anne passa a viver diversas de suas pequenas aventuras e
conflitos em Green Gables.
Agora
que estão contextualizados com a história dessa série maravilhosa, vamos para
os nove motivos!
Adoção
Talvez
o primeiro e principal assunto que a série aborda é a questão da adoção. Com
toda a sua delicadeza, a obra mostra quanto sofrimento Anne carrega em si por
ter passado tantos anos de sua vida sem ter uma família para ser chamada de
sua, e quanta felicidade a garota passa a carregar em si e exalar para o mundo
quando finalmente consegue ter uma casa, um próprio quarto e criar laços
afetivos e familiares com alguém. É lindo ver quanta atenção e cuidado os
produtores tiveram ao mostrar a importância da adoção, quanto impacto uma
decisão como essa, de escolher alguém que está sozinho para fazer parte da sua
própria família, pode trazer para a vida de uma e de outras várias pessoas.
Além
disso, a série aborda uma outra questão relacionada à adoção: a reação e
recepção negativa da vizinhança com uma criança adotada. É claro, talvez esses comportamentos
tenham mudado bastante quando comparamos com o período que se passa a série,
mas ainda assim pode ser uma questão frequente e importante de ser abordada. Apesar
dos olhares atravessados, sussurros e chacotas, também é admirável observar na
série a forma como os irmãos defendem, em certo ponto, a escolha que tiveram de
adotar uma garota.
Feminismo
Uma saia não é um convite |
O
feminismo, felizmente, também é um tópico muito frequente em ambas as
temporadas da série, mas principalmente na segunda.
Desde
o início podemos observar o movimento sendo integrado à história quando os
irmãos, ao contarem que houvera um engano, pois tinham adotado um garoto para
fazer as tarefas da fazenda e não uma garota, Anne se mostra completamente
contrária à essa ideia de que há tarefas que devam ser separadas pelo gênero. A
personagem dedica grande parte de sua primeira temporada demonstrando como ela
era capaz de fazer o que quisesse, e que seu gênero ou seu sexo jamais seriam
obstáculos para tal.
Já
na segunda temporada temos também pequenas inserções de assédio, fazendo
questão de deixar claro como Anne repudia tudo isso, mesmo que suas amigas
vejam a situação com naturalidade. Temos a introdução de temas e discussões
como a roupa que as mulheres devem vestir, como devem se comportar, rivalidade
feminina, mulheres se arriscando em profissões vistas como “masculinas”, como a
ciência, e etc.
Anne
With an E tem um repertório incrível sobre diversos temas relacionados ao
feminismo e a inclusão da mulher em diversas áreas da sociedade, e ainda mais
incrível que isso é o fato de que todos esses tópicos são introduzidos de
maneira leve e discreta (como quase todos os temas da série), mas sem deixar
nada passar despercebido aos olhos do telespectador.
Anne,
assim como outras personagens, é um exemplo perfeito de empoderamento feminino
e feminista. A garota não percebe, mas ela faz uma diferença maravilhosa sendo
o que é, impondo e buscando o que acredita.
Pressão
estética
Já
aproveitando para puxar o gancho do feminismo, Anne também aborda, de certa
forma, a pressão estética. É claro que naquela época não existia a televisão e
toda a manipulação da imagem da mulher como temos hoje em dia, mas em diversos
momentos podemos presenciar a agonia de Anne ao se sentir fora dos padrões por
ser a única ruiva de Green Gables. É até irônico pensar que uma pessoa hoje
considerada um objetivo ao ser alcançado no padrão de beleza, um dia pode ter
sido visto como Anne é vista na série, sem beleza alguma. Isso só prova o
quanto os padrões de beleza não existem e são construídos social e
culturalmente. Quem sabe o que acontecerá no futuro? Que tipo de corpo, cor de
cabelo ou cor dos olhos será o tipo idealizado? Não sabemos.
Anne
constantemente diz se achar feia por sua cor de cabelo, e, inclusive, na
segunda temporada, temos um episódio que a personagem considera pintá-lo para
se encaixar aos padrões. É uma reprodução simples, mas poderosa, de como a
pressão estética está presente na vida de todas as mulheres.
Bullying
Se você quer odiar alguém você deveria olhar no espelho |
O
bullying também é um tópico muito frequente em Anne With an E, em ambas as
temporadas e com diferentes personagens. Podemos reviver as memórias de Anne em
seu antigo orfanato, com flashes que a própria personagem tem quando entra em
contato com determinados gatilhos, onde vemos claramente sinais de abuso,
violência e humilhação.
Cole,
um personagem da segunda temporada da série, também sofre bullying de seus
colegas de sala por ser diferente, e até mesmo do próprio professor. É
desesperador ver alguém em uma posição de poder, que poderia estar utilizando
esse poder para impedir que o bullying continuasse acontecendo, praticar em seu
aluno o mesmo que outros alunos já vinham fazendo.
No
entanto, apesar de haver uma determinada impunidade para os agressores (pelo
menos até o momento), é bonito ver o cuidado que tiveram ao mostrar que as
vítimas podem se impor, se defender, superar e serem mais fortes do que os
ataques. É bonito ver como mostraram que, se você tem amigos e qualquer apoio
afetivo ao seu lado, as coisas se tornam mais fáceis, mesmo que ainda continuem
difíceis.
Família
Dada
à sinopse e premissa da história da série, é meio óbvio que o assunto família
seria um dos mais recorrentes abordados ao longo das temporadas. Como já foi
citado, os produtores tiveram a delicadeza de ressaltar o poder que uma família
e o amor que ela oferece pode ter na vida de uma pessoa. Anne demonstra a
felicidade mais genuína e pura com o fato de finalmente possuir uma família,
mesmo que não tradicional, e o sentimento é recíproco pelos irmãos que a
adotaram. É simplesmente maravilhoso observar a evolução desse sentimento entre
eles, enquanto tentam se acostumar com a ideia de que suas vidas mudaram
completamente com a escolha que fizeram.
Também
não deixam de mostrar que mesmo na família mais feliz haverá problemas, brigas,
desentendimentos, desapontamentos, dificuldades. Mas, além disso, também não
deixam de mostrar que tudo isso pode ser superado e perdoado em algum momento.
Que demore horas ou dias, mas as coisas podem ser consertadas.
E
não é apenas a relação de Anne com sua família que é abordada nessa série, mas
a relação dos irmãos que a adotaram, dos irmãos com sua mãe, de outros
personagens com seus pais, etc. A família é uma questão presente em Anne With an
E, e é pontuada de milhares de maneiras diferentes e maravilhosas.
Amizade
Além
da família, a amizade também é um ponto crucial em Anne. Temos cenas frequentes
da relação da personagem principal com sua melhor amiga Diana, na primeira
temporada, e como tudo o que é abordado na série, da forma mais pura e delicada
possível.
Você
sente junto com as personagens todo o amor, toda a admiração e todo o prazer
que sentem pela simples presença e companhia que fazem uma para a outra. Também
é linda a forma como ambas sabem que podem confiar na amizade que tem, como
sabem que podem contar uma com a outra em qualquer situação que surgir.
Todo
esse laço de amizade verdadeira se expande na segunda temporada com a entrada
do personagem Cole, da amizade de Gilbert e Sebastian, de Marília e sua vizinha,
etc.
Assim
como no tema família, a série também não deixa de mostrar que toda amizade
possui seus altos e baixos, mas da mesma forma, não evita de mostrar que tudo
pode ser consertado com tempo, paciência e perdão.
Criatividade
e imaginação
Anne
é uma criança extremamente criativa e com uma imaginação fértil. Desde o início
da série podemos constatar que essas são suas principais características (além
de falar muito e ser um pouco irritante). Esses seus traços fazem com que cenas
banais ou que, talvez, não consideramos tão importantes para o desenvolvimento
da história, tragam uma carga emocional incrível para o telespectador.
Uma
cena andando pelo campo, subindo em uma árvore, observando as ondas do mar, caminhando
para a escola... todos esses momentos tornam-se cenas poéticas com as
histórias, palavras e narrativas que Anne conta para si mesma. Anne traz vida
às coisas que não nos parecem assim tão vivas.
A
personagem também é uma aspirante a escritora, e vocês já podem imaginar o
quanto fico feliz com uma série que dê um enfoque tão importante à escrita, não
é?
Orientação
sexual
Ela foi a primeira pessoa com quem eu não precisei me esconder. |
O
tema orientação sexual não é tão presente na primeira temporada, mas sim na
segunda. Com a introdução de alguns personagens, temos contato com esse novo
universo. Novamente, a série tomou todo o cuidado para que esse assunto não
fosse carregado por uma carga tão ruim quanto seria na época em que se passa a
história.
É
lindo ver o personagem se descobrindo e finalmente conseguindo ver quem realmente
é, e pensando e decidindo sobre o que fará com sua vida a partir dessa
descoberta. É linda a forma como a notícia foi compartilhada com Anne de uma
forma tão sensível, e como Anne acolheu a ideia como completamente natural e
maravilhosa. É claro que a ideia não é aceita com tanta naturalidade por outros
personagens, mas acredito que seja importante que cenas como essas sejam
inseridas, para que esses preconceitos sejam desconstruídos.
Uma
cena maravilhosa de uma festa é apresentada na segunda temporada, onde pessoas
de diferentes tipos e sexualidades se reúnem para celebrar e podem ser
finalmente identificadas como iguais.
Racismo
O
tema racismo, assim como o da orientação sexual, não é nada frequente na
primeira temporada (tanto é que não havia personagens negros na primeira
temporada). Devido a esse fato, os fãs fizeram um apelo para que personagens
negros fossem introduzidos na história, e novamente seus pedidos foram
atendidos.
Sebastian,
amigo de Gilbert, é negro. Eles vivem em uma época em que a escravidão foi
abolida, mas ainda há resquícios desse passado trágico na maneira como as
pessoas se comportam em relação aos negros (assim como ainda há hoje,
infelizmente).
Uma
cena em que Sebastian é visto ao lado de um cavalo por um branco e
automaticamente associado a um ladrão ou um escravo foi uma das cenas mais
chocantes para mim nessa segunda temporada. Nós falamos muito de racismo, mas
jamais saberemos o que realmente é. E ver aquela cena me fez ter uma pequena
parcela de noção do que é viver aquilo.
Temos
também a apresentação de negros que, mesmo com a abolição da escravidão, são
obrigados a continuar trabalhando nas casas de seus “senhores” para se manterem
vivos. Temos a apresentação dos guetos, lugares marginalizados na sociedade
para que negros pudessem viver em comunidade, longe dos brancos (as favelas
aqui do Brasil, por exemplo), e a precariedade em que vivem.
O
racismo é perfeitamente abordado em Anne, com cenas chocantes que geram
reflexão, mas também com a sensibilidade que é característico da série (como
puderam bem perceber nesse post). Temos a amizade de Sebastian e Gilbert, e a
aproximação de Sebastian com outras pessoas do círculo social de Gilbert, todos
se adaptando ao fato de agora terem uma pessoa negra em sua região, e,
progressivamente, fazendo essa ideia tornar-se natural, como deveria ser desde
o início.
Positividade
Confesso
que o tema positividade não me é muito convidativo atualmente, devido a
diversos fatores pessoais que não cabem aqui serem discutidos. Mas, a
positividade que Anne With an E exala é indiscutivelmente boa. Eu acredito que
eu jamais tenha assistido uma série que me fizesse sentir tão aliviada, feliz,
alegre e inspirada como Anne me fez sentir. Existem sim os problemas e os
conflitos, mas tudo isso é levado de uma forma leve devido à positividade e o
caráter de Anne.
Como
puderam notar nessa postagem, todos os temas abordados na série possuem, de
fato, um teor sério. Mas, em Anne, estes são tratados de uma maneira
completamente descontraída e delicada, tomando todos os cuidados para que
nenhuma questão preconceituosa ou ruim seja romantizada ou naturalizada.
Assim
como eu me senti leve assistindo Anne With an E, tenho quase absoluta certeza
que se você der uma chance à essa série maravilhosa, você também se sentirá. E
vai ter se arrependido de não ter trazido todos esses bons sentimentos para sua
vida mais cedo.
Então
é isso pessoal, espero que esses dez motivos tenham sido suficientes para
influenciar vocês a assistirem essa série incrível, e espero que gostem dela
tanto quanto eu gosto! Comentem o que acharam do post e vamos discutir cada
ponto positivo de Anne With an E!
Até mais!
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