23 de ago. de 2018

10 motivos para você assistir Anne With an E


Olá pessoal, tudo bem? Hoje trago mais um post em parceria com o grupo Juntas Nós Podemos (que você pode conhecer clicando aqui), dessa vez para te dar dez motivos para assistir essa série maravilhosa chamada “Anne With an E”, tendo suas duas temporadas disponíveis na plataforma Netflix.
Clique em continue lendo para saber mais.

No dia seis de julho de 2018 a segunda temporada de Anne With na E foi lançada na plataforma Netflix. Para os fãs, assim como para mim, pessoalmente, a sequência foi ainda mais incrível e maravilhosa que a primeira temporada. No entanto, ainda assim, a série corria o risco de ser cancelada devido à baixa audiência.
Com essa terrível notícia de um provável cancelamento da série, os fãs decidiram se unir e pedir, em todas as redes sociais possíveis, para que a Netflix a renovasse. Fizeram apelos para que todos assistissem a série, para que não deixassem essa incrível obra deixar de ser produzida por falta de audiência. E conseguiram!
Em um vídeo curto postado no Facebook, a Netflix reuniu alguns desses tweets e apelos desses fãs para mostrar que o esforço e o amor por Anne venceram, renovando a série para a terceira temporada.
Por esse motivo, hoje estou aqui para tentar fazer minha parte e manter Anne With an E sendo renovada enquanto ainda fizer sentido renová-la (e eu duvido que deixará de fazer sentido tão cedo), te dando dez motivos para assisti-la e fazer um favor a si mesmo e à sua vida.
Mas, antes, uma pequena contextualização para você que não faz ideia do que se trata a história dessa série.
Anne With an E se passa no Canadá, no século 19, e conta a história de Anne, uma garota ruiva, curiosa, com uma imaginação fértil e muito criativa que passou 13 anos da sua vida em um orfanato quando finalmente é adotada por um casal de irmãos (Marília e Matthew). No entanto, logo de início, os irmãos notam que houve um mal-entendido, já que haviam decidido adotar um garoto para que ele pudesse ajudar nas tarefas da fazenda. Desesperada pelo fato de precisar voltar ao orfanato, Anne tenta, de todas as formas possíveis, provar a seus novos cuidadores adotivos que ela pode ser uma ótima companhia e fazer de tudo para ajudá-los na fazenda. Com o tempo os irmãos conseguem finalmente enxergá-la como alguém da família, e assim, Anne passa a viver diversas de suas pequenas aventuras e conflitos em Green Gables.
Agora que estão contextualizados com a história dessa série maravilhosa, vamos para os nove motivos!

Adoção

Talvez o primeiro e principal assunto que a série aborda é a questão da adoção. Com toda a sua delicadeza, a obra mostra quanto sofrimento Anne carrega em si por ter passado tantos anos de sua vida sem ter uma família para ser chamada de sua, e quanta felicidade a garota passa a carregar em si e exalar para o mundo quando finalmente consegue ter uma casa, um próprio quarto e criar laços afetivos e familiares com alguém. É lindo ver quanta atenção e cuidado os produtores tiveram ao mostrar a importância da adoção, quanto impacto uma decisão como essa, de escolher alguém que está sozinho para fazer parte da sua própria família, pode trazer para a vida de uma e de outras várias pessoas.
Além disso, a série aborda uma outra questão relacionada à adoção: a reação e recepção negativa da vizinhança com uma criança adotada. É claro, talvez esses comportamentos tenham mudado bastante quando comparamos com o período que se passa a série, mas ainda assim pode ser uma questão frequente e importante de ser abordada. Apesar dos olhares atravessados, sussurros e chacotas, também é admirável observar na série a forma como os irmãos defendem, em certo ponto, a escolha que tiveram de adotar uma garota.

Feminismo

Uma saia não é um convite

O feminismo, felizmente, também é um tópico muito frequente em ambas as temporadas da série, mas principalmente na segunda.
Desde o início podemos observar o movimento sendo integrado à história quando os irmãos, ao contarem que houvera um engano, pois tinham adotado um garoto para fazer as tarefas da fazenda e não uma garota, Anne se mostra completamente contrária à essa ideia de que há tarefas que devam ser separadas pelo gênero. A personagem dedica grande parte de sua primeira temporada demonstrando como ela era capaz de fazer o que quisesse, e que seu gênero ou seu sexo jamais seriam obstáculos para tal.
Já na segunda temporada temos também pequenas inserções de assédio, fazendo questão de deixar claro como Anne repudia tudo isso, mesmo que suas amigas vejam a situação com naturalidade. Temos a introdução de temas e discussões como a roupa que as mulheres devem vestir, como devem se comportar, rivalidade feminina, mulheres se arriscando em profissões vistas como “masculinas”, como a ciência, e etc.
Anne With an E tem um repertório incrível sobre diversos temas relacionados ao feminismo e a inclusão da mulher em diversas áreas da sociedade, e ainda mais incrível que isso é o fato de que todos esses tópicos são introduzidos de maneira leve e discreta (como quase todos os temas da série), mas sem deixar nada passar despercebido aos olhos do telespectador.
Anne, assim como outras personagens, é um exemplo perfeito de empoderamento feminino e feminista. A garota não percebe, mas ela faz uma diferença maravilhosa sendo o que é, impondo e buscando o que acredita.

Pressão estética


Já aproveitando para puxar o gancho do feminismo, Anne também aborda, de certa forma, a pressão estética. É claro que naquela época não existia a televisão e toda a manipulação da imagem da mulher como temos hoje em dia, mas em diversos momentos podemos presenciar a agonia de Anne ao se sentir fora dos padrões por ser a única ruiva de Green Gables. É até irônico pensar que uma pessoa hoje considerada um objetivo ao ser alcançado no padrão de beleza, um dia pode ter sido visto como Anne é vista na série, sem beleza alguma. Isso só prova o quanto os padrões de beleza não existem e são construídos social e culturalmente. Quem sabe o que acontecerá no futuro? Que tipo de corpo, cor de cabelo ou cor dos olhos será o tipo idealizado? Não sabemos.
Anne constantemente diz se achar feia por sua cor de cabelo, e, inclusive, na segunda temporada, temos um episódio que a personagem considera pintá-lo para se encaixar aos padrões. É uma reprodução simples, mas poderosa, de como a pressão estética está presente na vida de todas as mulheres.

Bullying

Se você quer odiar alguém você deveria olhar no espelho

O bullying também é um tópico muito frequente em Anne With an E, em ambas as temporadas e com diferentes personagens. Podemos reviver as memórias de Anne em seu antigo orfanato, com flashes que a própria personagem tem quando entra em contato com determinados gatilhos, onde vemos claramente sinais de abuso, violência e humilhação.
Cole, um personagem da segunda temporada da série, também sofre bullying de seus colegas de sala por ser diferente, e até mesmo do próprio professor. É desesperador ver alguém em uma posição de poder, que poderia estar utilizando esse poder para impedir que o bullying continuasse acontecendo, praticar em seu aluno o mesmo que outros alunos já vinham fazendo.
No entanto, apesar de haver uma determinada impunidade para os agressores (pelo menos até o momento), é bonito ver o cuidado que tiveram ao mostrar que as vítimas podem se impor, se defender, superar e serem mais fortes do que os ataques. É bonito ver como mostraram que, se você tem amigos e qualquer apoio afetivo ao seu lado, as coisas se tornam mais fáceis, mesmo que ainda continuem difíceis.

Família


Dada à sinopse e premissa da história da série, é meio óbvio que o assunto família seria um dos mais recorrentes abordados ao longo das temporadas. Como já foi citado, os produtores tiveram a delicadeza de ressaltar o poder que uma família e o amor que ela oferece pode ter na vida de uma pessoa. Anne demonstra a felicidade mais genuína e pura com o fato de finalmente possuir uma família, mesmo que não tradicional, e o sentimento é recíproco pelos irmãos que a adotaram. É simplesmente maravilhoso observar a evolução desse sentimento entre eles, enquanto tentam se acostumar com a ideia de que suas vidas mudaram completamente com a escolha que fizeram.
Também não deixam de mostrar que mesmo na família mais feliz haverá problemas, brigas, desentendimentos, desapontamentos, dificuldades. Mas, além disso, também não deixam de mostrar que tudo isso pode ser superado e perdoado em algum momento. Que demore horas ou dias, mas as coisas podem ser consertadas.
E não é apenas a relação de Anne com sua família que é abordada nessa série, mas a relação dos irmãos que a adotaram, dos irmãos com sua mãe, de outros personagens com seus pais, etc. A família é uma questão presente em Anne With an E, e é pontuada de milhares de maneiras diferentes e maravilhosas.

Amizade


Além da família, a amizade também é um ponto crucial em Anne. Temos cenas frequentes da relação da personagem principal com sua melhor amiga Diana, na primeira temporada, e como tudo o que é abordado na série, da forma mais pura e delicada possível.
Você sente junto com as personagens todo o amor, toda a admiração e todo o prazer que sentem pela simples presença e companhia que fazem uma para a outra. Também é linda a forma como ambas sabem que podem confiar na amizade que tem, como sabem que podem contar uma com a outra em qualquer situação que surgir.
Todo esse laço de amizade verdadeira se expande na segunda temporada com a entrada do personagem Cole, da amizade de Gilbert e Sebastian, de Marília e sua vizinha, etc.
Assim como no tema família, a série também não deixa de mostrar que toda amizade possui seus altos e baixos, mas da mesma forma, não evita de mostrar que tudo pode ser consertado com tempo, paciência e perdão.

Criatividade e imaginação


Anne é uma criança extremamente criativa e com uma imaginação fértil. Desde o início da série podemos constatar que essas são suas principais características (além de falar muito e ser um pouco irritante). Esses seus traços fazem com que cenas banais ou que, talvez, não consideramos tão importantes para o desenvolvimento da história, tragam uma carga emocional incrível para o telespectador.
Uma cena andando pelo campo, subindo em uma árvore, observando as ondas do mar, caminhando para a escola... todos esses momentos tornam-se cenas poéticas com as histórias, palavras e narrativas que Anne conta para si mesma. Anne traz vida às coisas que não nos parecem assim tão vivas.
A personagem também é uma aspirante a escritora, e vocês já podem imaginar o quanto fico feliz com uma série que dê um enfoque tão importante à escrita, não é?

Orientação sexual

Ela foi a primeira pessoa com quem eu não precisei me esconder.

O tema orientação sexual não é tão presente na primeira temporada, mas sim na segunda. Com a introdução de alguns personagens, temos contato com esse novo universo. Novamente, a série tomou todo o cuidado para que esse assunto não fosse carregado por uma carga tão ruim quanto seria na época em que se passa a história.
É lindo ver o personagem se descobrindo e finalmente conseguindo ver quem realmente é, e pensando e decidindo sobre o que fará com sua vida a partir dessa descoberta. É linda a forma como a notícia foi compartilhada com Anne de uma forma tão sensível, e como Anne acolheu a ideia como completamente natural e maravilhosa. É claro que a ideia não é aceita com tanta naturalidade por outros personagens, mas acredito que seja importante que cenas como essas sejam inseridas, para que esses preconceitos sejam desconstruídos.
Uma cena maravilhosa de uma festa é apresentada na segunda temporada, onde pessoas de diferentes tipos e sexualidades se reúnem para celebrar e podem ser finalmente identificadas como iguais.

Racismo


O tema racismo, assim como o da orientação sexual, não é nada frequente na primeira temporada (tanto é que não havia personagens negros na primeira temporada). Devido a esse fato, os fãs fizeram um apelo para que personagens negros fossem introduzidos na história, e novamente seus pedidos foram atendidos.
Sebastian, amigo de Gilbert, é negro. Eles vivem em uma época em que a escravidão foi abolida, mas ainda há resquícios desse passado trágico na maneira como as pessoas se comportam em relação aos negros (assim como ainda há hoje, infelizmente).
Uma cena em que Sebastian é visto ao lado de um cavalo por um branco e automaticamente associado a um ladrão ou um escravo foi uma das cenas mais chocantes para mim nessa segunda temporada. Nós falamos muito de racismo, mas jamais saberemos o que realmente é. E ver aquela cena me fez ter uma pequena parcela de noção do que é viver aquilo.
Temos também a apresentação de negros que, mesmo com a abolição da escravidão, são obrigados a continuar trabalhando nas casas de seus “senhores” para se manterem vivos. Temos a apresentação dos guetos, lugares marginalizados na sociedade para que negros pudessem viver em comunidade, longe dos brancos (as favelas aqui do Brasil, por exemplo), e a precariedade em que vivem.
O racismo é perfeitamente abordado em Anne, com cenas chocantes que geram reflexão, mas também com a sensibilidade que é característico da série (como puderam bem perceber nesse post). Temos a amizade de Sebastian e Gilbert, e a aproximação de Sebastian com outras pessoas do círculo social de Gilbert, todos se adaptando ao fato de agora terem uma pessoa negra em sua região, e, progressivamente, fazendo essa ideia tornar-se natural, como deveria ser desde o início.

Positividade


Confesso que o tema positividade não me é muito convidativo atualmente, devido a diversos fatores pessoais que não cabem aqui serem discutidos. Mas, a positividade que Anne With an E exala é indiscutivelmente boa. Eu acredito que eu jamais tenha assistido uma série que me fizesse sentir tão aliviada, feliz, alegre e inspirada como Anne me fez sentir. Existem sim os problemas e os conflitos, mas tudo isso é levado de uma forma leve devido à positividade e o caráter de Anne.
Como puderam notar nessa postagem, todos os temas abordados na série possuem, de fato, um teor sério. Mas, em Anne, estes são tratados de uma maneira completamente descontraída e delicada, tomando todos os cuidados para que nenhuma questão preconceituosa ou ruim seja romantizada ou naturalizada.
Assim como eu me senti leve assistindo Anne With an E, tenho quase absoluta certeza que se você der uma chance à essa série maravilhosa, você também se sentirá. E vai ter se arrependido de não ter trazido todos esses bons sentimentos para sua vida mais cedo.

Então é isso pessoal, espero que esses dez motivos tenham sido suficientes para influenciar vocês a assistirem essa série incrível, e espero que gostem dela tanto quanto eu gosto! Comentem o que acharam do post e vamos discutir cada ponto positivo de Anne With an E!
Até mais!

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