17 de fev. de 2019

Resenha/Livro: Lolita- Vladimir Nabokov


Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje trago a resenha de um clássico polêmico da literatura: Lolita, escrito por Vladimir Nabokov.
Para saber o que achei da leitura do livro e o porquê de ser um livro polêmico, clique em continue lendo.






Título Original: Lolita
Autor: Vladimir Nabokov
Editora: Olympia Press (FR), Biblioteca Universal Popular (BR), Biblioteca Folha (edição da minha leitura, BR)
Ano: 1955 (FR), 1968 (BR), 2005 (edição da minha leitura, BR)
Páginas: 336 (FR), 319 (edição da minha leitura, BR)






Sinopse
“Um dos clássicos da literatura do século 20, Lolita é bem mais do que um romance. É o momento de reflexão do homem na meia-idade, diante do desafio da geração mais nova. No livro de Nabokov, o tema é centrado no relacionamento radical do boy meets girl, embora o homem em questão esteja longe de ser um rapaz e a moça não seja mais do que uma menina. Suspeito de ser um livro fácil, destinado ao escândalo, Lolita logo se firmou como uma obra-prima – e foram muitos os que compararam Nabokov a Flaubert, não apenas pela capacidade na penetração psicológica, mas no show da técnica e na perfeição do estilo, a palavra justa no justo lugar da narrativa.
A trama que envolve os dois personagens principais escapa da simples intriga sexual e se transforma numa mediação sobre o tempo e sua velocidade. Tempo que retardou, no professor, a paixão que nunca sentira. Tempo que acelerou na adolescente, condicionada pelas circunstâncias de uma época que derrubava tabus milenares, o encontro com a maturidade precoce, a burguesa fracassada e exausta, sem direito ao desespero de uma Bovary antecipada.” – Carlos Heitor Cony, membro do Conselho Editorial e colunista da Folha.

Opinião
Lolita, livro escrito por Vladimir Nabokov, conta a história de Humbert Humbert, escritor e professor que decide contar sua história de vida quando se encontra preso, esperando por seu julgamento. Nesta história, Humbert acaba por “se apaixonar” por Dolores Haze, uma garota que 12 anos de idade, enquanto já se encontrava em uma idade muito mais avançada que a da menina. Em determinado ponto da narrativa, o personagem principal decide se casar com a mãe de Dolores, Charlotte Haze, para se manter próximo e passar a fazer parte da vida da garota, com o principal objetivo de fazer deste “amor”, possível.
O primeiro e mais importante fato que se deve ressaltar sobre Lolita, é que se trata da história de vida e de abusos cometidos por um pedófilo. Assim, simples e objetivamente.
Por que sinto a necessidade de salientar o fato do livro retratar a pura pedofilia? Pelo simples fato de ser extremamente comum que os consumidores da história de Lolita – tanto na obra literária quanto nas representações cinematográficas – romantizem o fato como se se tratasse de uma história de amor. É possível sentir o quanto a obra fora mal interpretada e extremamente romantizada quando até mesmo a sinopse traduzida para o português na edição que realizei minha leitura (Editora Folha) evita de todas as formas descrever a relação de Humbert Humbert como obsessiva e abusiva. O termo “pedofilia” nem mesmo surge como uma cogitação possível para descrever Lolita em suas sinopses.
Podemos sentir a romantização também quando pensamos sobre os termos utilizados pelo próprio personagem principal em relação à Dolores Haze, a garota de 12 anos da qual fora feita sua vítima, que se tornaram populares para descrever casos de pedofilia na pornografia contemporânea: Lolita e ninfeta.
Há quem diga que este movimento romantizado de Lolita se dê justamente pelas adaptações cinematográficas feitas após o lançamento da obra literária. Não duvido que este seja um dos motivos, mas ainda não tenho capacidade de opinar sobre, pois não tive contato com nenhuma das adaptações (para ter contato com a opinião e alguém que viu os filmes, indico este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=0646Yr9hrDg). No entanto, também sinto uma parcela de culpa sobre a maneira como a história fora narrada em primeira pessoa, nos dando a única opção possível de conhecer a narrativa através dos olhos de Humbert Humbert, o pedófilo; além disso, o autor, Vladimir Nabokov, com seu talento de escrita impecável, possui uma habilidade de mexer com o psicológico do leitor a ponto de fazê-lo, em certo ponto, adquirir um sentimento de pena e compaixão pelo personagem principal, nos fazendo acreditar fielmente que aquele é um desejo incontrolável e que o mesmo sofre, de todas as maneiras possíveis, com sua doença (sim, a pedofilia é considerada uma doença, um transtorno psicológico, pela OMS- Organização Mundial da Saúde).
Não tenho a intenção de culpar o autor pela romantização feita pelos consumidores de sua história; longe disso. Nabokov deixa claro, em diversas citações do livro, que o personagem principal se trata de um pedófilo e que Dolores se trata apenas de uma vítima – principalmente nos últimos capítulos do livro, onde H.H., após perder contato com “Lolita” (o nome se trata de uma fantasia do personagem principal, e por isso se encontra entre aspas) reflete sobre a relação da qual submeteu a garota que antes tinha apenas 12 anos de idade, descrevendo claramente todos os momentos que Dolores sentira desespero e desamparo, e que este fora capaz de observar além de sua própria atração. Mesmo que Humbert, em variadas passagens da obra, descreva sua obsessão como um amor profundo e infinito, ou que Dolores agisse de forma a provocá-lo com intenção de despertar seus desejos, é nítido como este tem plena consciência de suas ações, de sua doença e de seus abusos. Desta forma, o autor se isenta da culpa que poderia, de certa forma, cair sob seus ombros, mas a maneira como a narrativa se desenrola faz com que seja fácil fisgar alguém que considere a pedofilia, em certo nível, aceitável e normal (o que, de longe, não é).
Lolita não é um livro fácil. Fui alertada sobre este fato em todas as resenhas que tive contato antes de realizar minha leitura e também por pessoas próximas que haviam já há tempos lido a obra. No entanto, jamais imaginei que fosse ser denso de uma maneira psicológica. Alguns resumos da obra o trazem como “pornográfico”, e tive a impressão, antes de iniciar a leitura, de que leria algo explícito. É claro, deveria ter pensado no fato de que o livro fora lançado em uma época onde qualquer descrição sexual fosse considerada pornografia, mas não pensei. Para o nosso alívio, Lolita não traz um conteúdo explícito, sexualmente falando. Para se ter um pequeno vislumbre disso, posso relatar minha experiência: demorei a entender a primeira vez que Humbert havia abusado de Dolores. Passaram-se várias páginas para que eu finalmente me tocasse que já havia acontecido. Pode ter sido falta de atenção ou descuido, mas suas descrições acerca de seus abusos são, de fato, muito discretas. E este acabou se tornando um fato extremamente angustiante para mim, já que eu tinha em mente que Humbert estava ali, em algum momento, abusando de Dolores, e ao mesmo tempo descrevendo o fato como algo romântico e desejado pela própria criança, mascarando tudo a seus leitores. É neste momento que a obra se torna perigosa, dependendo de que leitor terá contato com ela.
Outro fato que acabou me incomodando particularmente, principalmente por ser estudante de Psicologia, fora a constante utilização da Psicanálise por Humbert a fim de justificar seus desejos e sua doença. É claro, a Psicanálise com certeza é capaz de observar o caso isolado de Humbert e fazer uma análise concreta sobre este, mas a maneira com que o personagem a utiliza cai muito mais para o lado de justificar que “está tudo bem ser pedófilo” do que para justificar “sou pedófilo porque aconteceu isso, e posso deixar de ser se me tratar”. Não sou, de longe, uma fã e uma adepta às ideias da Psicanálise; no entanto, qualquer contexto em que se utilize da Psicologia, independente de que abordagem seja, para justificar algo como normal quando de fato não é, me deixará irritada.
A escrita e a narrativa, no entanto, são impecáveis. Mesmo que eu, particularmente, não tenha aproveitado tanto a extrema descrição detalhes que o autor faz questão de colocar em cada capítulo, não posso deixar de admitir que Nabokov escreve maravilhosamente bem. No entanto, deixo aqui um alerta e uma reclamação: a edição da qual li Lolita não traduz suas frases ditas em francês, nem mesmo em rodapé. No início da leitura até que me empenhei em traduzir cada uma delas no Google Tradutor, mas depois foi ficando cada vez mais insuportável. Felizmente o personagem deixa de utilizar a língua com tanta frequência a partir de certo ponto, mas o francês não traduzido se faz presente durante todo o livro. Não sei se essa é uma questão de todas as edições da obra, mas deixo o meu alerta para a edição da Folha, de capa azul.
No geral, Lolita é um livro denso, angustiante e nojento de ser lido, mesmo que possua uma descrição e um estilo de escrita incrível. Nabokov foi capaz de descrever atos de abuso e os pensamentos e desejos de um pedófilo de forma que tudo parecesse, de fato, um romance romântico. A linha entre acreditar no ponto de vista do pedófilo e saber que este não é um ponto de vista confiável é muito tênue, dependendo da pessoa que se dispõe a ler a obra. Não é à toa que o livro tenha sido banido em alguns países e não é à toa que tenha acontecido o desastre da romantização da pedofilia. Para que a leitura seja feita em uma interpretação correta dos fatos, é preciso que se tenha em mente, desde o início, do que se trata a história. Por este motivo esta resenha se iniciou da maneira que se iniciou.
Demorei bastante tempo para ler e por este motivo posso ter desanimado da leitura em algum momento; por isso, minha nota final para o livro é 4 de 5 estrelas. No entanto, independentemente disso, não deixo de admitir que Lolita se trata de um clássico incrível, que nos propõe o desafio de ler um livro sobre pedofilia sob a ótica do próprio pedófilo, desafiando nossos próprios sentimentos e nossa moral. Não recomendo a obra para qualquer um, talvez apenas para maiores de 18 anos, já que pode vir a ocorrer o erro comum da romantização, e este é um fato que devemos evitar. Pedofilia não deve ser romantizada, mas tratada.

Nota

Capa
























Cupom Válido
Todos nós sabemos que, geralmente, as compras feitas pela internet costumam ser mais baratas. Eu mesma, quando compro meus livros, utilizo sempre a minha primeira opção: comprar em sites online (Amazon, Saraiva, Submarino, Americanas, etc.). Mas, apesar de normalmente ser, de fato, mais barato, um cupom de desconto sempre é bem-vindo, não é?!
É por isso que estou aqui para apresentar para vocês o Cupom Válido. O Cupom Válido é um site que reúne promoções e cupons de desconto com o objetivo de fazer com que possamos economizar em nossas compras online. O site é totalmente seguro, já que este apenas divulga as promoções e os cupons; a compra final é sempre feita diretamente no site da loja escolhida para aplicar o cupom. Além disso, todos os cupons são grátis, e não precisa fazer nenhum cadastro para utilizar; é só pegar e usar! O Cupom Válido está na lista da Exame como um dos melhores sites de cupons gratuitos, que você pode conferir no link a seguir: https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/12-sites-para-conseguir-cupons-de-desconto-de-graca/
Para começar a usar, é só acessar o site https://www.cupomvalido.com.br/ e procurar pelo cupom e site que preferir realizar suas compras. Sempre que fizer a escolha de um site ou uma loja específica, você também poderá ter acesso a um tutorial de como utilizar o cupom, tudo muito simples e fácil!
Da próxima vez que for comprar um livro, com certeza me lembrarei do Cupom Válido, e espero que tenham pegado a dica também!

Então é isso pessoal, espero que tenham gostado da resenha e da dica! Comentem o que acharam!
Até mais!

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Minima Color Base por Layous Ceu Azul & Blogger Team