5 de set. de 2015

Resenha/Livro: Extraordinário


Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje trago uma resenha de um livro que terminei recentemente e com certeza já está adicionado na minha lista de favoritos: Extraordinário. Com certeza é um livro muito bem falado pela maioria das pessoas que leram, mas que, mesmo assim, nunca esperei tanto. Se quiser saber um pouco mais sobre minha opinião sobre a obra, clique em continue lendo!





Título Original: Wonder
Autor: R. J. Palacio
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 320






Sinopse
August (Auggie) Pullman, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. 

Opinião
Extraordinário não foi um livro do qual esperei muito quando comecei. Na realidade, foi um livro que peguei para ler com a intenção de me relaxar dos livros de sequências que tenho lido com muita frequência, e que acabei cansando. Já havia procurado outras opiniões antes de começá-lo e com certeza não vi ninguém falando mal, o que me deixou animada, mas sem criar muitas esperanças; o que foi muito bom no fim.
O livro se baseia em uma história simples, mas ao mesmo tempo muito profunda. Para ser honesta, me lembrou O Pequeno Príncipe. Nunca o li, mas sei de que maneira a história do príncipe é abordada. É contada por uma criança, com uma profundidade capaz de ensinar muitos adultos.
Auggie tem uma deformidade facial da qual dificulta sua vida de todas as maneiras possíveis. Em certos momentos não podia nem ao menos comer, por não ter seu maxilar. Em outros, é obrigado a encarar comentários maldosos e olhares disfarçados e horrorizados. Entretanto, apesar desse problema, o garoto continua sendo como qualquer outro. Gosta de brincar, de estudar, conversar e ao mesmo tempo também tem os mesmos problemas comuns que outras crianças encaram, como a amizade, a família e com si próprios. Ao adentrar a escola pela primeira vez, é de se imaginar o quão mais difíceis as coisas ficariam. Para qualquer um, a escola é um momento difícil. E não seria diferente para Auggie, que talvez, tenha sido até mais complicado, por ter que lidar com uma situação a mais: a maldade dos colegas de escola por conta de sua aparência.
A partir de então August luta para sobreviver às maldades da escola com a cabeça erguida e ensinar uma lição a todos: a ser gentil.
Como podemos perceber, a história acaba sendo muito mais profunda do que aparenta ser inicialmente, composto por várias lições de vida. Não só sobre aparências, mas também sobre como a vida escolar pode ser difícil para qualquer um de nós, e o que somos obrigados a passar durante esse período da nossa vida. E para mostrar isso de todos os lados, a autora decidiu incrementar outros pontos de vista na história.
Em alguns pontos continuamos a história sobre outros pontos de vista, como o da irmã de August, o namorado da irmã dela e os amigos de August. A ideia não poderia ter sido melhor. É claro que a intenção da autora era nos mandar a mensagem de que devemos ser gentis com todos, independentemente de suas aparências, personalidades e etc., mas ela também teve a brilhante ideia de mostrar que todos nós não podemos evitar nos sentir mal por alguém como Auggie. A autora escreve sobre como as pessoas enxergam o personagem principal em certos momentos; o horror, a pena e a “estranheza” que elas sentem ao vê-lo, mas ao mesmo tempo deixa bem claro que esses sentimentos não surgem apenas porque somos malvados, mas que é algo normal no ser humano. É como quando vemos alguma pessoa diferente de nós em algum lugar público; podemos até agir como se não ligássemos, mas é algo totalmente diferente para nós, que não somos e não convivemos com alguém daquela maneira. Mas encarar, ter pena ou sentir medo e estranheza por conta de alguém diferente de nós não nos torna seres humanos insensíveis e horríveis, mas apenas seres humanos. Tudo depende da maneira como você tratará aquela diferença depois de conhecê-la pela primeira vez.
Além de retratar a vida de Auggie de diversos pontos de vista, a autora também se aprofunda na vida das outras pessoas que não tem o mesmo problema que o personagem principal, mas que da mesma maneira passam por momentos difíceis. O que também achei uma ótima ideia, já que, não é apenas porque você tem alguma deformidade ou deficiência que é só você que passa por momentos difíceis e tem problemas; as pessoas “normais” sofrem da mesma maneira. E a forma como R. J. Palecio aborda essa questão é reconfortante, pois de certa forma, saber dos problemas do Auggie faz com que você pense duas vezes sobre se vale a pena sofrer pelos seus próprios problemas pessoais, mas ao mostrar a vida de outras pessoas do ponto de vista delas, a escritora faz com que esse sentimento vá embora e você pense “sim, não importa o quanto meus problemas podem parecer fúteis ao lado de outros, se me faz sofrer, ele é importante”.
Mas não se assustem, esse tipo de coisa complexa você acaba entendendo no decorrer do livro e quando você o termina. No geral, a escrita é uma das mais fáceis que já conheci e tem uma maneira de contar os fatos muito simples e gostosa. Não é de se esperar que um livro sendo contado por crianças e adolescentes seja composto por falas e palavras complexas, portanto, eu até posso aconselhar que, quem deseja começar suas leituras, comece por esse livro, pois além de ser uma história encantadora que com certeza abriria as portas para o mundo extenso da literatura, é fácil e rápido de se ler.
Enfim, deu para entender que Extraordinário é realmente extraordinário, não é? A profundidade das mensagens misturada com a simplicidade com que a história é contada foi uma mistura e tanto, pois no fim, acaba entrando em sua lista de livros favoritos, assim como entrou na minha. 

Spoilers
Como já foi possível ver, o livro em agradou em todos os aspectos. Entretanto, não seria eu se eu não ficasse com raiva de alguma coisa, não é?
Via é muito mal compreendida por todos, por ser adolescente e por todos a enxergarem como dramática por estar passando por essa fase. Bom, o problema é que eu sou uma adolescente e eu sei que esses sentimentos não são drama nenhum. A maior parte do livro eu me identifiquei profundamente com a personagem e a adorei em todos os momentos; portanto, me senti muito triste em cenas como quando o Auggie briga com ela como se a vida dela não fosse tão complicada como a dele por conta de seu problema, e é aí que entra o meu ódio. Auggie pode até ter uma vida muito mais complicada, mas isso não significa que Via também não tenha.
Além disso, Miranda também me deixou estressada. Com a cabeça fraca, a personagem é muito influenciada pelas pessoas e acaba criando uma espécie de inveja doentia pela sua ex melhor amiga, Via. A maneira como tratou Via me deixou mal e com muita raiva, e o que me deixou ainda mais nervosa, foi a maneira como Via a acolheu mesmo depois de tudo o que ela fez. Sei que o livro trata do assunto gentileza com muita seriedade mas há algumas coisas das quais não concordo. Como por exemplo, a frase que todas as pessoas costumam gostar muito “Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil”, eu acabo não concordando. Não acho que tudo deve ser levado na gentileza por motivos simples: você nem sempre vai se dar bem por ser gentil. Muitas vezes a sua gentileza acaba sendo sua ruína (experiência própria). Portanto, não sou uma daquelas pessoas que adotam essa frase para a minha vida, pois sei que nem toda ela pode ser aplicada na realidade.

Personagens
Temos Auggie, Via, seus pais Isabel e Nate, sua cachorra Daisy, Justin o namorado de Via, Miranda, Jack, Summer e entre outros personagens um pouco mais “excluídos” como Julian, Charlotte, Ella e etc.
Todos os personagens me agradaram bastante; tanto pelo fato de serem muito bem trabalhados em suas histórias quanto pela maneira que realmente são, suas personalidades. Cada um deles tem seus defeitos e qualidades e a autora deixa isso bem claro ao exemplificar o olhar de cada um sobre Auggie e muitas vezes sobre suas próprias vidas.
De alguns, como Miranda, não tive uma relação tão boa quanto outros, mas de qualquer forma não deixo de admirar a maneira como a escritora não deixou ninguém de fora. Ela encontrou uma forma de fazer cada um dos personagens ter um tipo de importância, tanto para o personagem protagonista, quanto para outras lições de moral que aparecem no decorrer da história.
R. J. Palacio realmente me surpreendeu tanto em sua escrita, quanto em sua história e a criação de personagens tão reais e profundos. Não vejo do que reclamar sobre. A história, as lições e os personagens são extraordinários.

Capa
A escolha da capa não poderia ser melhor, sinceramente. O rosto de Auggie desenhado nesse traço pouco detalhado é uma maneira de lhe preparar sobre o enredo que está prestes a conhecer, e além disso, no geral, a simplicidade da capa com a combinação das cores também lhe dá uma impressão de leveza, que é como a escrita e a história também são. Portanto, a capa do livro é como uma prévia do que você está prestes a encarar, e é tão maravilhosa quanto a própria história. 



Marcações
Por ser um livro com muitas lições de moral e de vida, aconselho vocês a esperarem muitas fotos! Meu livro está lotado de post-its!



"Sabe o que eu acho? A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma."

"Seus feitos são seus monumentos."

"Bem lá do alto
O planeta Terra é azul
E não há nada que eu possa fazer
- David Bowie, 'Space Oddity'" 

"É muito estranho como um dia você pode estar neste mundo e, no dia seguinte, não estar mais." 

"Ele disse que nada põe amizades tão à prova quanto o ensino médio." 

"Agora, esse é o meu segredo. É muito simples. Só se pode enxergar direito com o coração. O essencial é invisível aos olhos. 
- Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe"

"- Jack, às vezes magoamos as pessoas sem querer. Entende?" 

"Estou recitando: sim, o sol nasceu milhares de vezes. Verões e invernos fenderam um pouco mais as montanhas e as chuvas fizeram deslizar a terra. Bebês que antes nem eram nascidos já começaram a formar frases completas; e muitas pessoas que se achavam jovens e ágeis e notaram que já não podiam subir um lance de escadas como antes, sem que o coração disparasse um pouco." 

"[...] então isso não faz do universo uma loteria gigantesca? Você compra um bilhete quando nasce. E é só um acaso ter um bilhete bom ou ruim. É questão de sorte." 

"Acho que é verdade que os semelhantes se procuram", disse minha mamãe."

"Agora, pensando bem, não sei por que fiquei tão estressado com isso. É engraçado como às vezes nos preocupamos muito com uma coisa e ela acaba não sendo nem um pouco importante." 

"Não precisamos dos olhos para amar, certo?" 

 "É tão estranho como uma noite pode ser a pior da sua vida, mas, para o restante das pessoas, ser apenas uma noite normal."

"E eu aqui procurando simbolismos e metáforas... Às vezes um pato é só um pato!" 

"- 'Mais gentil que o necessário' - repetiu. - Que frase maravilhosa, não é? Mais gentil que o necessário. Porque não basta ser gentil. Devemos ser mais gentis do que precisamos. Adoro essa frase, essa ideia, porque ela me lembra que carregamos conosco, como seres humanos, não apenas a capacidade de ser gentil, mas a opção pela gentileza. O que isso significa? Como isso é medido? Não podemos usar uma régua. É como eu estava dizendo antes:a questão não é medir quanto vocês cresceram este ano. Não dá para quantificar com precisão, não é? Como sabemos que fomos gentis? O que é ser gentil, a propósito." 

"- Você é mesmo extraordinário, Auggie. Você é extraordinário." 

"Do August Pullman
Todas pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo. - Auggie"

Observação
No capítulo em que a história é contada pelo Justin, há muitos erros de digitação. Não fizeram uso de nenhuma letra maiúscula quando deveriam usar. Um erro grave, já que durou o capítulo todo. Não é algo que estrague a sua experiência, mas é extremamente ruim, para quem gosta das coisas bem-feitas. Portanto, fica o toque para a editora Intrínseca. Tomem cuidado com a montagem do livro!

Nota:

Então é isso pessoal! Espero que tenham gostado da resenha, e se gostaram, por favor, deixem seu curtir lá em cima ao lado do título, e espero que todos leiam esse livro, pois realmente vale a pena.
Até mais!

Comente com o Facebook:

2 comentários:

 
Minima Color Base por Layous Ceu Azul & Blogger Team